Iluminando as Sombras – Intro

O “Eu  Sombrio”. Não é a primeira vez que menciono esse tópico (veja aqui e aqui). A diferença agora é que não venho levantar questões sem respostas. Desde que comecei a me aprofundar no caminho do autoconhecimento, li e descobri muito sobre o lado sombrio que todo ser humano tem e que, se não for bem trabalhado, pode destruir tudo o que há de bom na vida de alguém.

O interessante, porém, é notar que esse nosso lado das sombras não é uma versão diferente de nós mesmos, não é uma segunda personalidade, não é uma divisão da alma. O Eu Sombrio somos nós. Meu Eu Sombrio sou eu mesmo. Sou eu que sinto raiva, que erro, que tenho inveja, etc. O Eu Sombrio nada tem de complexo, a menos que eu o trate assim. Se eu tratar meu lado das sombras como um inimigo, algo que preciso evitar e de que preciso fugir, ou se simplesmente ignorar sua existência, ele será pior que o pior dos demônios, um anjo caído pessoal. Todavia, se resolver iluminá-lo e encará-lo, ele pode ser meu maior aliado.

Aceitar que somos sim seres capazes de sentir tanto amor quanto ódio, perdão e mágoa, paz e guerra, etc., e aceitar todos os sentimentos, buscando entender os motivos de cada um, pode ser nossa única saída contra o Eu Sombrio. Em outras palavras, sentir e viver nossos sentimentos, tanto os positivos quanto os negativos, não é errado. Se fazemos isso, a tendência é compreender as razões de tais sentimentos e deixá-los ir, sem maiores consequências. O ruim é quando tentamos esconder que sentimos sim raiva, inveja, julgamos, e tudo o mais. Isso escondido em nós, nos traz problemas. Guerras (tanto as pessoais quanto as internacionais) surgem de questões mal resolvidas. Uma pessoa violenta assim o é porque não aceita sua própria sombra.

Veja o que Deepak Chopra fala sobre como construímos e alimentamos o Eu Sombrio:

Manter segredos de você mesmo ou dos outros. Uma vida secreta dá à sombra material para evoluir. Formas de segredo são negação, fraude deliberada, medo de expor quem você é e condicionamento em função de uma família desequilibrada.
Fomentar culpa e vergonha. Todos somos falíveis; não há ninguém perfeito. Mas, se você se sentir envergonhado de seus erros e culpado por suas imperfeições, a sombra ganha poder.
Ser injusto com você mesmo e com os outros. Se você não consegue encontrar um meio de liberar sua culpa e vergonha, é muito fácil concluir que você – e os outros – as merece. O julgamento é a culpa usando uma máscara para disfarçar sua dor.
Precisar de alguém para culpar. Uma vez que você decida que sua dor interior é uma questão moral, não terá problemas em culpar outra pessoa que julgue inferior a você de alguma forma.
Ignorar as próprias fraquezas ao criticar os que estão à sua volta. Esse é o processo de projeção que muitos não enxergam, nem compreendem muito bem. Mas, sempre que você tenta explicar a situação como um ato de Deus ou do Diabo, você está projetando. O mesmo vale para identificar “eles”, as pessoas más que causam problemas. Se você acredita que o problema está com eles, você projetou seu próprio medo, em vez de assumir a responsabilidade por ele.
Separar-se dos outros. Se chegar a ponto de sentir que o mundo está dividido entre “eles” e “nós”, você vai naturalmente identificar seu lado como o lado bom e escolhê-lo. Esse isolamento aumenta a sensação de medo e desconfiança, ambiente em que sombra prospera.
Lutar para manter o mal contido. No fundo do ciclo, as pessoas estão convencidas de que o mal está à espreita, em toda parte. O que realmente aconteceu é que os criadores da ilusão estão sendo iludidos por suas próprias criações. Tudo se juntou para dar à sombra um imenso poder.
(CHOPRA, Deepak. A Sombra Coletiva. In: O Efeito Sombra. São Paulo: Lua de Papel, 2010: 49-51)

Assim, entendendo um pouco melhor o que é meu Eu Sombrio e chegando a um estágio de reflexão que me proporciona a possibilidade de olhar ali dentro de mim mesmo e enxergar bastante coisa com clareza, creio que é chegada a hora de iluminar meu Eu Sombrio, descobrir quem sou e me revelar, não só para mim, mas para o mundo. Sinto – e isso é muito sincero – que só há como continuar nesse caminho me conhecendo profundamente, em níveis que talvez grande parte das pessoas não se conheça.

Sei que essa reflexão só começa agora. Quanto tempo pode durar, não sei. Porém, inicio os primeiros questionamentos mais profundos esta semana. Você está mais que convidado a acompanhar esse processo e, assim, quem sabe, refletir um pouco também sobre seu próprio Eu Sombrio.

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3 respostas para Iluminando as Sombras – Intro

  1. alana menk disse:

    já pensou que são as sombras bem trabalhadas que dão as sutilezas numa fotografia?!

  2. Strider disse:

    Exatamente, Alana.

    Essa dualidade, enfim, faz parte de tudo na natureza. Dia, noite, inverno, verão, etc.
    A gente tende a ver como opostos, conflitantes, mas eles são complementos um do outro. Um não existe sem o outro. São partes da mesma coisa. Assim como a gente. =D

  3. Uau, adorei este post também… Extremamente revelador. Precisamos aceitar que temos defeitos, assim como qualidades. Do contrário acontecerá como você cita: daremos poder ao Eu sombrio e ele será nosso próprio anjo decaído. O espiritismo fala exatamente disso: iluminar este lado, e não negá-lo, até que venhamos a ser todo luz. Por caminhos diferentes, chegamos às mesmas conclusões! 😀
    Grande abraço,
    Camila

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